Estados Unidos entraram na guerra e atacaram instalações nucleares do Irã

Por Marcus Paiva

Jornalista e Editor-Chefe

🚩 O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que seis bombas GBU-57A/B MOP (anti-buker) foram lançadas de bombardeiros furtivos de longo alcance B-2A "Spirit" da Força Aérea na instalação nuclear de Fordow, enquanto 30 mísseis Tomahawk foram lançados de submarinos da Marinha estadunidese contra as instalações nucleares de Natanz e Isfahan. A missão ocorreu após 6 bombardeiros B-2 decolarem da Base Aérea de Whiteman, no Missouri, por volta da meia-noite. Embora os rumores iniciais sugerissem que os aviões seguiam para o oeste, em direção a Guam, a correspondente de segurança nacional da Fox News, Jennifer Griffin, observou que a rota real do voo era provavelmente para o leste, diretamente em direção ao Irã, no que parece ter sido algo planejado. O principal alvo era a usina de enriquecimento de urânio de Fordow, construída a 80 metros abaixo da rocha em um terreno de montanhas. 

 1️⃣ Os Estados Unidos entraram em contato com o Irã por meio de canais diplomáticos no sábado para dizer que os ataques aéreos eram tudo o que pretendiam fazer e que "esforços de mudança de regime" "não foram planejados". Lembrando que a guerra para regime change (mudança de regime) foi usada no Afeganistão em 2001 e em 2003 no Iraque. O Irã poderia responder atacando ativos militares dos Estados Unidos na região. Suas autoridades já haviam alertado que qualquer ataque dos Estados Unidos poderia causar uma guerra regional e que eles retaliariam. Mohammadi, conselheiro estratégico do presidente do parlamento afirmou que os locais nucleares foram evacuados há muito tempo e as instalações não sofreram danos irreversíveis neste ataque. A mídia iraniana informou que os estoques de urânio enriquecido foram evacuados das instalações nucleares para locais seguros, de modo que nenhuma emissão radioativa foi produzida nos ataques. Autoridades do Escritório de Gestão de Crises em Qom confirmam que parte da área ao redor da instalação nuclear de Fordow foi atacada.

2️⃣ Com a entrada dos Estados Unidos no conflito, qualquer cidadão ou base militar estadunidese se torna um alvo legítimo do Irã. Os Estados Unidos, mais uma vez, romperam com as instituições internacionais e com o direito internacional, ao atacar um Estado soberano. No direito internacional, a guerra (ou uso da força) é regulada pela Carta da ONU, que proíbe o uso da força entre Estados (artigo 2(4)), exceto em duas situações: 1) Legítima defesa (do Estado ou de terceiros). 2) Autorização do Conselho de Segurança da ONU: O Conselho pode autorizar o uso da força para enfrentar ameaças à paz, violações da paz ou atos de agressão (artigo 42). Isso pode incluir operações de manutenção da paz ou intervenções humanitárias. É importante ressaltar que Trump atacou o Irã sem autorização do Conselho de Segurança e sem os elementos necessários para caracterizar legítima defesa. Sendo assim, o que Trump fez foi guerra de agressão que é um crime internacional.

3️⃣ O crime de agressão está previsto no Art. 8-bis do Estatuto de Roma, que rege o Tribunal Penal Internacional. Ele foi incluído por emenda adotada na Conferência de Revisão de Kampala (2010) e entrou em vigor em 2018. Resolução 3314 da Assembleia Geral da ONU (1974) também define o que constitui um "ato de agressão", como a invasão, ocupação militar, anexação ou ataque armado contra um Estado soberano. Embora não seja um tratado vinculante, ela serve como referência para interpretar o crime de agressão no direito internacional (hermenêutica). O Irã foi significativamente enfraquecido pelos ataques israelenses às suas bases militares bem como pelo desmantelamento de seus aliados regionais no Líbano (Hezbollah), na Síria e em Gaza (Hamas). Mas o Irã ainda é capaz de causar danos consideráveis. Os Estados Unidos operam bases militares em pelo menos 19 regiões do Oriente Médio, incluindo Bahrein, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. 

‼️ Entre os alvos mais óbvios para o Irã está o QG da 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos em Mina Salman, no Bahrein. Também poderia ter como alvo o bloqueio de uma rota marítima crucial, o Estreito de Ormuz, que liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e por onde 30% do suprimento mundial de petróleo é transportado. Também poderia atacar outras rotas marítimas que correm o risco de desestabilizar os mercados globais. O Irã também pode ter como alvo os ativos de países vizinhos que ele percebe como estando ajudando os EstadosUnidos, o que corre o risco de a guerra se espalhar para toda a região.

4️⃣ Fordow fica escondido na encosta de uma montanha ao sul de Teerã e acredita-se que esteja em um subsolo mais profundo do que o Túnel do Canal da Mancha que conecta o Reino Unido e a França. Suas centrífugas e seu reator estão a no mínimo 90 metros de profundidade. A profundidade de Fordow abaixo da superfície da Terra dificultou o alcance com o armamento israelense. Somente os Estados Unidos eram considerados detentores de uma bomba "destruidora de bunkers", forte e grande o suficiente para destruir Fordow. A bomba é chamada de GBU-57 Massive Ordnance Penetrator (MOP). Ela pesa 13.000 kg e é capaz de penetrar cerca de 18 m de concreto ou 61 m de terra antes de explodir. Acredita-se que os túneis de Fordo estejam de 80 a 90 metros abaixo da superfície, então não há garantia de sucesso da MOP, mas é a única bomba que pode chegar perto. Ainda não está claro quais danos o ataque dos Estados Unidos causou às instalações nucleares, nem se há feridos ou vítimas.

5️⃣ O vice-diretor político da emissora estatal do Irã, Hassan Abedini, disse que o Irã havia evacuado essas três instalações nucleares "há algum tempo". Aparecendo na televisão estatal, ele disse que o Irã "não sofreu um grande golpe porque os materiais já haviam sido retirados". Em seu discurso televisionado, Trump disse que "as instalações de enriquecimento nuclear foram completa e totalmente destruídas". Mas Mark Kimmitt, ex-secretário assistente de Estado dos Estados Unidos para assuntos político-militares, foi muito mais circunspecto. "Não há como sugerir que ele foi destruído para sempre", disse ele. O Irã afirmou que mais de 200 pessoas foram mortas desde o início do conflito com Israel, e mais de 1.200 ficaram feridas.