Tropas israelenses disparam contra diplomatas que visitam a Cisjordânia ocupada

 Por Marcus Paiva
Jornalista e Editor-Chefe

⚠️ Uma comitiva de diplomatas, de diversos países e da União Europeia, foi alvo de tiros das Forças de Defesa de Israel, em Jenin, na Cisjordânia ocupada. A Itália e a Espanha condenaram a ação dos soldados israelenses e Tel avive afirmou que os tiros foram somente “fogo de aviso”, para que a comitiva não entrasse na zona. Imagens mostram vários diplomatas dando entrevistas à imprensa quando tiros rápidos foram disparados nas proximidades, forçando-os a correr para se proteger. A delegação era composta por embaixadores e diplomatas representando 31 países, incluindo Itália, Canadá, Egito, Jordânia, Reino Unido da Grã-Bretanha, China e Rússia. O grupo estava em missão oficial organizada pela Autoridade Palestina para observar a situação humanitária no local. 
1️⃣ O exército israelense afirmou que a visita havia sido aprovada, mas a delegação "desviou-se da rota aprovada" e soldados israelenses dispararam tiros de advertência para distanciá-los da área. Os governos canadense, britânico, francês e outros europeus convocaram embaixadores israelenses em suas respectivas capitais para explicar o incidente "inaceitável", que alimentará a crescente raiva e preocupação internacional, à medida que Israel continua sua ofensiva em Gaza e intensifica a expansão de assentamentos na Cisjordânia, que são ilegais segundo o direito internacional. O primeiro-ministro israelense está desafiando a ameaça de sanções de Canadá, França e Reino Unido. A União Europeia também manifestou repúdio ao ato dos milhares israelenses. 

2️⃣ A Alemanha, antiga aliada de Israel, condenou o que chamou de “disparos não provocados”, enquanto o Canadá, a Turquia e a União Europeia exigiram uma investigação. "Esperamos uma explicação imediata sobre o ocorrido. É totalmente inaceitável", disse o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, em uma coletiva de imprensa. Quatro diplomatas canadenses faziam parte do grupo. Um porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, também instou Israel a conduzir uma “investigação completa”. Está claro que os diplomatas que estão fazendo seu trabalho nunca devem ser alvejados, atacados de nenhuma maneira, forma ou formato, e sua segurança, sua inviolabilidade, deve ser respeitada em todos os momentos”, disse o porta-voz, Stéphane Dujarric. O Egito disse que o incidente “viola todas as normas diplomáticas”. 

3️⃣ Na terça-feira, o Reino Unido da Grã-Bretanha anunciou a suspensão das negociações com Israel sobre um acordo de livre comércio e, juntamente com a França e o Canadá, ameaçou "ações concretas" se Israel continuar sua ofensiva e restrições ao livre fluxo de ajuda. Separadamente, a chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que o bloco estava revisando seu acordo com Israel que rege as relações comerciais em relação à condução da guerra em Gaza. O pacto especifica que todos os signatários devem demonstrar "respeito aos direitos humanos e aos princípios democráticos". A revisão da União Europeia pode ser concluída relativamente rápido, já que as autoridades podem se basear em um relatório de 34 páginas compilado no final do ano passado que detalha diversas alegações de violações sistêmicas do direito internacional por Israel.

4️⃣ O Ministério das Relações Exteriores palestino acusou Israel de ter “atacado deliberadamente” a delegação diplomática com fogo real. As forças armadas de Israel disseram que lamentavam “o inconveniente causado” e que altos funcionários entrariam em contato com os diplomatas para informá-los sobre os resultados de sua investigação interna sobre o incidente. Jenin foi o foco de um grande ataque israelense em janeiro que forçou dezenas de milhares de palestinos a deixarem suas casas, um dos maiores deslocamentos da Cisjordânia em anos. Uma nova onda de ataques aéreos e bombardeios de artilharia matou pelo menos 82 pessoas em Gaza na quarta-feira, incluindo várias mulheres e um bebê de uma semana, disseram autoridades hospitalares e do Ministério da Saúde de Gaza. Em Khan Younis, onde Israel ordenou recentemente novas evacuações antes de um grande ataque esperado na cidade do sul, 24 pessoas foram mortas, incluindo 14 da mesma família, relataram autoridades palestinas.

5️⃣ Na noite de quarta-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que "toda a Faixa de Gaza estará sob o controle do exército israelense" ao fim de sua ofensiva intensificada. Em meio à crescente pressão internacional sobre Israel para que permita que alimentos cheguem aos palestinos famintos, ele afirmou: "Devemos evitar uma crise humanitária para preservar nossa liberdade de ação operacional." Cerca de 100 caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza desde segunda-feira, quando o governo de Netanyahu concordou em suspender o bloqueio de 11 semanas que colocou o território sob "risco crítico de fome". Na quarta-feira, várias dezenas passaram pelo posto de controle de Kerem Shalom, mas suas cargas ainda não haviam sido distribuídas na noite de quarta-feira. Não há farinha, nem comida, nem água, no norte de Gaza. Segundo relatórios da ONU 44% dos mortos nos primeiros meses da ofensiva israelense eram crianças. Também lista os ataques israelenses a hospitais e enfatiza que, segundo o Direito Internacional Humanitário, os Estados têm a "obrigação negativa" de não auxiliar ou auxiliar em violações do Direito Internacional Humanitário por partes em conflito.

‼️ Em Jerusalém, o parlamentar Ayman Odeh, cidadão palestino de Israel, foi retirado do pódio do Knesset (parlamento) pela segurança após acusar o governo de matar 19.000 crianças em Gaza e de travar guerra contra civis e inocentes. No início desta semana, Yair Golan, um líder da oposição de esquerda, provocou uma resposta furiosa do governo e de seus apoiadores quando disse que "um país são não mata bebês como hobby" e que Israel corria o risco de se tornar um "estado pária entre as nações". Golan, ex-comandante adjunto do exército israelense, é líder de um dos maiores partidos minoritários no parlamento israelense. Suas palavras – e comentários semelhantes feitos pelo ex-primeiro-ministro Ehud Olmert em entrevista a rede britânica BBC - representaram um raro foco no sofrimento palestino por parte de importantes figuras políticas israelenses. A maioria das críticas internas à guerra se concentrou no destino dos reféns mantidos em Gaza.

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