Ex-comandante da aeronáutica confirma que ex-comandate da Marinha colocou tropas à disposição de Bolsonaro para Golpe de Estado
⚠️ Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), no contexto da ação penal que investiga uma tentativa de Golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na presidência após a eleição de 2022, e impedir a posse de Lula, o ex-comandante da aeronáutica tenente-Brigadeiro Baptista Jr. confirmou que o Almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha colocou tropas à disposição de Bolsonaro. De acordo com ele, em uma das reuniões realizadas para discutir possíveis medidas a serem tomadas, o ex-comandante teria explicitado a disposição. “Em uma dessas reuniões, eu tenho uma visão muito passiva do Garnier nessas reuniões (…) Em uma dessas ele falou que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente”, afirmou Baptista Jr.
1️⃣ Em seu depoimento, o Brigadeiro Baptista Júnior realçou, de forma mais clara, que Bolsonaro pretendia impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Comecei a achar que o objetivo era para não haver assunção do presidente eleito”, disse Baptista Júnior, referindo-se a várias reuniões de Bolsonaro com os comandantes em novembro de 2022. Nessas ocasiões, o ex-presidente convocava os chefes militares para “análises de conjuntura” e os consultava sobre a possibilidade de decretar uma operação de garantia da lei e da ordem (GLO). Baptista Jr. é um dos militares que se opôs a qualquer tentativa de golpe, discutida por integrantes do governo Bolsonaro.
Em geral, GLOs são decretadas para empregar militares em ações de segurança pública em determinada localidade, em casos de distúrbios sociais. Para Baptista Júnior, Bolsonaro queria usar o instrumento, ou medidas mais drásticas, como um estado de sítio ou de defesa, para interferir no resultado da eleição presidencial.
2️⃣ As investigações do caso descobriram uma minuta de decreto para impor uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de rever o resultado da disputa presidencial e realizar uma nova eleição. “A GLO que nós trabalhávamos era para o caso de convulsão social no Brasil. Não estávamos trabalhando com GLO para qualquer outro objetivo que não esse. Falei com presidente Bolsonaro ‘aconteça o que acontecer, no dia 1º de janeiro, o senhor não será presidente. A GLO que estávamos falando, era para problema em alguma cidade, algum estado, alguma convulsão social”, disse Baptista Júnior no STF. “Em momento algum o presidente Bolsonaro colocou que estava objetivando um golpe de Estado. Mas nas discussões, no dia 11 ao dia 14 de novembro, começamos a imaginar que os objetivos políticos de estado de exceção não eram para garantir a paz social no dia 1º de janeiro”, afirmou ainda o ex-comandante da Aeronáutica.
3️⃣ Antes, o brigadeiro confirmou que, numa das reuniões, Freire Gomes advertiu Bolsonaro que ele poderia ser preso se usasse uma GLO, estado de defesa ou sítio, para impedir a posse de Lula. Em depoimento, o comandante do Exército negou que tivesse dado voz de prisão a Bolsonaro, mas contou que, de fato, fez esse alerta. Durante o depoimento desta quarta-feira (21) afirmou que um documento da “minuta do golpe”, chegou a ser apresentado em uma dessas reuniões. “Quando eu entrei, eu fui o último a chegar, o Garnier estava de costas, eu entrei e me sentei ao lado do Garnier e imediatamente a reunião começou. O Paulo Sérgio disse: trouxe aqui um documento para vocês verem. Não lembro se ele falou que era estado de defesa ou de sítio”, disse. “Ele falou que trouxe um documento para vocês analisarem. Eu perguntei: esse documento prevê a não [incompreensível] do presidente eleito? Se sim, eu não admito sequer receber esse documento, levantei e fui embora”, completou.
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