Trump afirma que a Crimeia ficará com a Rússia

Por Marcus Paiva
Jornalista e Editor-Chefe

⚠️ "A Crimeia ficará com a Rússia", disse Donald Trump à revista Time na sexta-feira. E com essa declaração, o presidente dos Estados Unidos deixou claro que Zelensky deve aceitar que a atual República russa da Crimeia não voltará a ser território da Ucrânia. A Crimeia, diz ele, não teria sido tomada se ele fosse presidente em 2014, mas "foi entregue a eles por Barack Hussein Obama" e agora a Crimeia "está com eles [Rússia] há muito tempo" – então é hora de aceitar a tomada. O termo de compromisso proposto pelos Estados Unidos — agora de domínio público e verificado pelos comentários de Trump sobre a Crimeia — evoca o pensamento das grandes potências no final de guerras anteriores: as divisões de Versalhes em 1919, onde um país que havia sido derrotado foi tratado como se tivesse sido conquistado, ou Potsdam em 1945, que dividiu a Europa em oeste e leste.
1️⃣ O próprio plano de paz da Ucrânia – cuja versão mais antiga também vazou na sexta-feira – tenta uma abordagem diferente: primeiro um cessar-fogo total nas linhas de frente atuais e, posteriormente, uma discussão sobre territórios. Não é a conversa que os Estados Unidos ou a Rússia desejam ter, mas Kiev argumenta, com apoio europeu, que a paz deve se basear no direito internacional, não na capitulação. Acordos impostos injustamente não perduram. Trump é Putin concordam que o que está sob controle russo não volta ao controle ucraniano. A dificuldade para Kiev é, em primeiro lugar, que os Estados Unidos estão propondo dar "reconhecimento de jure ao controle russo da Crimeia" – portanto, um acordo direto com a Rússia. A segunda é que, se a Ucrânia estivesse determinada a continuar lutando e esperasse que Trump se retirasse, correria o risco de perder novamente a inteligência militar – e os Estados Unidos poderiam não vender armas cruciais para Kiev, como os mísseis de defesa aérea Patriot. 

2️⃣ Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos disse "Vladimir, PARE!" após 12 mortos em bombardeios russos em Kiev. O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, por três horas na sexta-feira, de acordo com o assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, que disse que as conversas foram “construtivas e muito úteis”. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse acreditar que Volodymyr Zelensky está pronto para desistir da Crimeia, apesar das afirmações anteriores do presidente ucraniano sobre a península do Mar Negro, que foi anexada pela Rússia em 2014. Falando a repórteres em um aeroporto em Nova Jersey no domingo, um dia após se encontrar com Zelensky no Vaticano, Trump disse "Ah, acho que sim", em resposta a uma pergunta sobre se ele achava que Zelensky estava pronto para "ceder" o território. Zelensky afirmou na semana passada que a Ucrânia não poderia aceitar o reconhecimento dos Estados Unidos da anexação da Crimeia pela Rússia, após Trump acusá-lo de intransigência na questão. 

3️⃣ Zelensky insistiu na sexta-feira que o território era "propriedade do povo ucraniano". Ele não respondeu imediatamente aos comentários mais recentes de Trump. Dois conjuntos de planos de paz publicados pela Reuters na sexta-feira mostraram que os Estados Unidos estão propondo que Moscou retenha o território que capturou, incluindo a estratégica península da Crimeia. O ministro da defesa alemão, Boris Pistorius, disse no domingo que a proposta dos Estados Unidos para a Ucrânia ceder território à Rússia era "semelhante a uma capitulação". Em entrevista à emissora ARD, ele disse que Kiev sabia que um acordo de paz poderia envolver concessões territoriais. “Mas isso certamente não irá... tão longe quanto na última proposta do presidente dos Estados Unidos ”, disse Pistorius. “A Ucrânia, por si só, poderia ter conseguido há um ano o que estava incluído naquela proposta [de Trump], é semelhante a uma capitulação. Não consigo enxergar nenhum valor agregado.”

4️⃣ Apesar dos comentários sobre a Crimeia, o presidente dos Estados Unidos expressou um comentário simpático a Zelensky no domingo, dizendo que "quer fazer algo de bom por seu país" e "está trabalhando duro". Refletindo sobre sua conversa com o presidente ucraniano, o presidente dos Estados Unidos também disse estar "surpreso e decepcionado, muito decepcionado" com o bombardeio russo na Ucrânia, após discussões entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o enviado de paz de Trump, Steve Witkoff. "Fiquei muito decepcionado com o lançamento de mísseis pela Rússia", disse o presidente dos Estados Unidos. Trump disse que Zelensky “me disse que precisa de mais armas, mas ele vem dizendo isso há três anos”. Questionado sobre o que queria que Putin fizesse, Trump respondeu: "Bem, eu quero que ele pare de atirar. Sente-se e assine o acordo. Temos os limites de um acordo, eu acho, e quero que ele o assine e acabe com isso." 

5️⃣ "Você confia no presidente Putin?", perguntaram a Trump. "Avisarei vocês em cerca de duas semanas", disse Trump. Pressionado a explicar o que espera que aconteça em duas semanas, Trump se esquivou da pergunta. "Duas semanas ou menos", disse ele, vagamente, "mas vocês sabem que eles estão perdendo muita gente. Temos de 3 a 4 mil pessoas morrendo toda semana." Trump também disse que seu relacionamento com Zelensky melhorou com o encontro presencial no Vaticano: "Olha, nunca foi ruim. Tivemos uma pequena discussão, porque eu discordei de algo que ele disse, e as câmeras estavam filmando, e para mim tudo bem." "Vejam, ele está em uma situação difícil, uma situação muito difícil. Ele está lutando contra uma força muito maior, muito maior", acrescentou Trump. O presidente então repetiu sua frequente alegação falsa de que os Estados Unidos haviam dado US$ 350 bilhões à Ucrânia para ajudar em sua defesa.

6️⃣ "Eu o vejo mais calmo", disse Trump, comparando o Zelensky que conheceu no Vaticano com aquele que confrontou no Salão Oval em fevereiro. "Acho que ele entende o cenário e acho que quer fechar um acordo." O presidente também afirmou que houve "um pouco" de progresso nas negociações comerciais com a China, negociações que, segundo autoridades chinesas, não estão acontecendo. "Eles querem fechar um acordo, obviamente", disse Trump. "Agora, eles não estão fazendo negócios conosco, sabe, porque, não por causa deles, mas por minha causa. Porque com 145%, não dá para fazer negócios", disse ele, referindo-se à tarifa de importação que impôs este mês. "Mas algo vai acontecer, isso vai ser possível." 

7️⃣ Na sexta-feira, o enviado de Trump, Steve Witkoff, encontrou-se com Putin em Moscou por três horas para discutir a proposta de paz de Washington. Trump afirmou que "a maioria dos pontos principais foram acertados", em uma publicação em sua plataforma Truth Social, sem maiores detalhes. Ele convocou uma reunião entre as lideranças de Kiev e Moscou para assinar um acordo de cessar-fogo, que, segundo ele, estava "muito próximo". Apesar da ânsia de Trump por um acordo, ainda há diferenças significativas entre a visão dos Estados Unidos para a paz e o que a Ucrânia e seus aliados europeus consideraram condições aceitáveis ​​para um cessar-fogo. Dois conjuntos de planos de paz publicados pela Reuters na sexta-feira mostraram que os Estados Unidos estão propondo que Moscou retenha o território que capturou, incluindo a estratégica península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.

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