China, Japão e Coreia do Sul farão um acordo de livre comércio para responder tarifas de Trump

Por Marcus Paiva

Jornalista e Editor-Chefe

🚩 Em meio aos aumentos de tarifas pelos Estados Unidos e à crescente fragmentação econômica em todo o mundo, China, Japão e Coreia do Sul — três potências industriais que dependem fortemente do comércio exterior - se aproximaram para preservar a estabilidade econômica da Ásia e criar uma proteção contra o unilateralismo estadunidese. As três nações anunciaram que concordaram em acelerar as negociações sobre seu acordo trilateral de livre comércio e aumentar a cooperação na gestão da cadeia de suprimentos e controles de exportação, de acordo com o Ministério do Comércio da China. Durante a 13ª reunião de ministros da economia e comércio dos três países, realizada na capital da Coreia do Sul, Seul, as autoridades reafirmaram seu compromisso de fortalecer a colaboração em estruturas regionais e multilaterais. Diante da crescente pressão sobre a economia global, eles se reuniram para as primeiras negociações em cinco anos, à medida que as tensões aumentam devido às iminentes ameaças tarifárias dos Estados Unidos.

1️⃣ Trump anunciou tarifas de 25% sobre importações de carros e caminhões leves de todos os países no final de março, uma decisão que afeta significativamente as montadoras japonesas e sul-coreanas. Apesar das divergências históricas entre os 3 países, os estreitos laços geopolíticos e econômicos entre China, Japão e Coreia do Sul são uma realidade objetiva. Os esforços dos Estados Unidos para pressionar o Japão e a Coreia do Sul a "reduzir os riscos" ou se desvincular da China dificilmente terão sucesso, dados os laços econômicos profundamente entrelaçados entre as economias do leste Asiático. As políticas recentes da Casa Branca aumentaram as preocupações entre os aliados asiáticos de Washington, particularmente o Japão e a Coreia do Sul, que não possuem a resiliência da China. Esses dois países devem retornar ao caminho de fortalecimento da cooperação regional e melhorar o engajamento com a China para lidar com a pressão dos Estados Unidos. 

2️⃣ O renascimento da cooperação trilateral, particularmente em assuntos econômicos e comerciais, é uma tendência predominante. Após os aumentos de tarifas dos Estados Unidos, muitos países, especialmente o Japão e a Coreia do Sul, passaram a valorizar cada vez mais a importância da cooperação intra-asiática. Na reunião em Seul, os três países também concordaram em aprofundar a colaboração nas economias digital e verde, melhorar a cooperação local e promover um ambiente mais favorável para negócios transfronteiriços. Refletindo a crescente confiança empresarial na cooperação regional, Tetsuro Homma, vice-presidente executivo da Panasonic Holdings Corp, disse que a empresa japonesa expandirá a capacidade de produção em sua fábrica de materiais eletrônicos em Xangai este ano, com operações previstas para começar em 2027. Isso segue o lançamento pela empresa de um projeto de fábrica de semicondutores em Suzhou, província de Jiangsu, no ano passado. Ele disse que a liderança da China em tecnologias como inteligência artificial, veículos elétricos, células solares e outras inovações em energia sustentável servirão como principais impulsionadores do crescimento econômico futuro.

3️⃣ O valor do comércio bilateral entre a China e o Japão caiu 0,6% em relação ao ano anterior, para 324,07 bilhões de yuans (US$ 44,72 bilhões) nos primeiros dois meses de 2025, enquanto o valor das exportações e importações entre a China e a Coreia do Sul caiu 0,1% na base anual, para 335,51 trilhões de yuans, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas. No âmbito da Parceria Econômica Regional Abrangente, China, Japão e Coreia do Sul já estabeleceram um conjunto de termos recíprocos e compromissos de acesso ao mercado. Se os três países se basearem nisso para ampliar a cooperação trilateral de livre comércio, incluindo o comércio de bens e serviços, bem como maior liberalização do mercado e alinhamento recíproco de políticas, isso os ancorará mais firmemente em uma visão compartilhada de alcançar benefícios mútuos por meio de melhor desenvolvimento regional.