Trump propõe mudança de regime no Irã
Jornalista e Editor-Chefe
🚨 O presidente dos Estados Unidos Donald Trump levantou a possibilidade de "mudança de regime" (Regime Change) no Irã no domingo em uma publicação em sua conta no Truth Social. "Não é politicamente correto usar o termo 'mudança de regime', mas se o atual regime iraniano não é capaz de TORNAR O IRÃ GRANDE NOVAMENTE, por que não haveria uma mudança de regime??? MIGA!!" (Make Iran Great again), escreveu o presidente. Confirmando que o real objetivo da guerra Israel-Irã é derrubar o Aiatolah Ali Khamenei e restaurar a monarquia dos Pahlavi, pró-Israel e Pró-Estados Unidos. Sua fala está alinhada com a do ex-príncipe herdeiro do império iraniano Reza Pahlavi, que recentemente publicou um vídeo dizendo que tem um plano de transição de 100 dias para o Irã "caso Khamenei caia". Em entrevista à Fox News, Reza Pahlavi disse: "Assim que o regime atual acabar, reconstruiremos o Irã e faremos com que ele seja grande novamente". Mesma frase usada por Trump.
⚠️ Reza Pahlavi, filho mais velho do último Xá ou Shahanshah (título de Imperador, rei dos reis) do Irã Mohammad Reza Pahlavi e ex-príncipe herdeiro, disse que há planos para um período de transição de 100 dias "caso o regime da República Islâmica caia". Em uma declaração em vídeo na terça-feira em fārsi, Pahlavi tentou tranquilizar os iranianos de que as forças da oposição têm um plano para o futuro do país. “O Irã não mergulhará em guerra civil ou instabilidade”, disse ele. “Estamos preparados para os primeiros 100 dias do período de transição após a queda e para o estabelecimento de um governo nacional e democrático pelo povo iraniano e para o povo iraniano.”
‼️ Pahlavi também direcionou parte de sua mensagem aos militares, policiais e funcionários públicos, muitos dos quais, segundo ele, entraram em contato com ele nos últimos dias. “Não se oponham ao povo iraniano em nome de um regime cuja queda já começou e é inevitável”, disse ele. “Ao se posicionarem ao lado do povo, vocês podem salvar suas vidas... e participar da construção do futuro do Irã.” “A República Islâmica chegou ao fim e está em processo de colapso”, continuou Pahlavi. O líder supremo, Aiatolá Ali, “ Khamenei , como um rato assustado, escondeu-se no subsolo e perdeu o controle da situação”, disse ele. O ex-príncipe herdeiro disse que a queda do regime era agora é "irreversível", descrevendo o momento como um ponto de virada histórico para o povo iraniano. “O futuro é brilhante e, juntos, superaremos esta reviravolta histórica”, disse ele. “Nestes dias difíceis, meu coração está com todos os cidadãos indefesos que foram prejudicados e se tornaram vítimas das belicosidades e ilusões de Khamenei.”
❗️Pahlavi, que há muito defende um Irã secular e "democrático", enquadrou a queda do regime como iminente e necessária. Ele descreveu a República Islâmica como um sistema que travou uma “guerra de 46 anos contra a nação iraniana”, dizendo que seu aparato de segurança e repressão estava desmoronando. “Agora, tudo o que precisamos é de uma revolta nacional para acabar com esse pesadelo de uma vez por todas”, disse Pahlavi. O príncipe pediu aos cidadãos de todo o país – de Bandar Abbas a Shiraz, de Tabriz a Zahedan – que fossem às ruas e exigissem mudanças. “Agora é a hora de nos erguermos, a hora de reconquistar o Irã”, disse ele. “Vamos todos dar um passo à frente... e pôr fim a este regime." Ele encerrou o discurso com uma mensagem de união e esperança: “Um Irã livre e próspero está à nossa frente. Que possamos estar juntos em breve. Vida longa ao Irã! Vida longa à nação iraniana!”
1️⃣ Pahlavi, filho do falecido xá Mohammad Reza Pahlavi, vive exilado nos Estados Unidos. Embora não ocupe nenhum cargo político oficial, ele continua sendo uma figura proeminente entre segmentos da oposição iraniana no exterior e cada vez mais entre os iranianos mais jovens que buscam mudanças sistêmicas. Pahlavi esteve em uma festa no topo do Hay-Adams Hotel em Washington, D.C., na véspera da posse do segundo mandato de Trump para iniciar seu lobby na atual administração. Esta é a primeira vez que Trump levanta a possibilidade de mudança de regime no Irã desde que Israel iniciou sua guerra há dez dias — e os Estados Unidos se juntaram a ele com ataques aéreos contra instalações nucleares do Irã no sábado. Trump critica a facção neoconservadora do Partido Republicano há anos por seu apoio a mudanças de regime no Iraque e em outros lugares ao redor do mundo.
2️⃣ A postagem de Trump se distancia do restante de sua administração, que enfatizou diversas vezes nos últimos dias que seu objetivo é impedir que o Irã obtenha armas nucleares e que os Estados Unidos não estão pressionando por uma mudança de regime no Irã. Agora, fica claro que a retórica de Netanyahu e de Trump sobre armas nucleares não passou de uma cortina de fumaça para pressionar por uma mudança de regime. O vice-presidente Vance disse no domingo no programa "Meet The Press" da NBC que a visão do governo "tem sido muito clara: não queremos uma mudança de regime". "Não queremos prolongar isso nem expandir ainda mais o que já foi construído. Queremos acabar com o programa nuclear deles e, então, queremos conversar com os iranianos sobre um acordo de longo prazo", disse Vance. Tanto Reza Pahlavi, quanto Netanyahu e agora Trump enviaram mensagens claras nos últimos dias à Teerã: Regime Change.
3️⃣ Uma mudança de regime no Irã tornou-se um objetivo tácito do governo israelense desde o início da guerra, no início deste mês. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chegou a afirmar que essa poderia ser uma das consequências da guerra. Recentemente o filho do último xá do Irã, deposto pelo aiatolá Khomeini em 1979, abordou figuras da oposição para criar a Aliança para a Democracia e a Liberdade no Irã (ADFI). A coalizão publicou a "Carta de Mahsa", um roteiro para a transição para uma democracia laica no Irã. As divergências interromperam os impulsos democráticos dessa equipe de personalidades diversas. A diáspora iraniana, por sua vez, desconfia de Reza Pahlavi. Principalmente porque, embora ele insista que quer um regime democrático, nunca se distanciou do regime autoritário de seu pai. Além disso, ele é criticado por sua hostilidade a qualquer descentralização em favor de minorias étnicas não persas.
4️⃣ Outra fonte de críticas: seus laços com os Estados Unidos. É lá que o herdeiro vive desde 1978 e onde começou seu treinamento para se tornar piloto de aviação. O homem, que frequentemente ostenta um broche do leão Ascendente, símbolo da era imperial persa (que inspirou o nome da operação de Israel contra o Irã - Operação Rising Lion), é frequentemente ridicularizado por seu sotaque estadunidese ao falar persa. Além disso, Reza Pahlavi cultiva fortes laços com Israel. Sua viagem para lá em 2023 e a publicação de uma foto com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu são um dos motivos que levaram à dissolução da coalizão ADFI da "Carta de Mahsa". Há muitos motivos para acreditar que o herdeiro não conseguirá restaurar a dinastia familiar.
5️⃣ O Irã, herdeiro do Império Persa, foi por muito tempo uma monarquia governada por um xá (imperador). No século XX, os Pahlavi deram um Golpe de Estado palaciano e chegaram ao poder. Em 1921, Reza Khan, general, ministro da guerra, comandante da brigada cossaca e primeiro-ministro derrubou o xá Armad Shah da dinastia Qajar. Reza Khan foi proclamado o novo xá do Irã em 1925, inaugurando a dinastia Pahlavi. Em 1941, ele foi forçado a abdicar em favor de seu filho, Mohammad Reza Pahlavi. Em 1953, o primeiro-ministro deste último, Mohammad Mossadegh, que havia nacionalizado o petróleo, até então controlado pelos britânicos, foi deposto em um golpe orquestrado pela CIA e pelo MI6. Isso fez com que os Estados Unidos tivessem controle sobre o petróleo iraniano.
6️⃣ Em 1963, o aiatolá Ruhollah Khomeini liderou a revolta contra as reformas modernistas do Xá. Um ano depois, o Xá ordenou o exílio do líder religioso e opositor. Em janeiro de 1978, começaram as manifestações e greves hostis ao governo. O segundo semestre do ano viu os protestos se intensificarem. Em 16 de janeiro de 1979, o Xá fugiu. Em 1º de fevereiro, Khomeini retornou a Teerã após mais de quatorze anos de exílio. A República Islâmica foi proclamada em 1º de abril. Depois de vagar entre Marrocos, Bahamas, México, Estados Unidos e Panamá, o Xá buscou refúgio um ano depois no Egito, com seu " único aliado ", o presidente Anwar Sadat. Já doente, ele foi rapidamente acometido por um câncer. " Para nós, a morte do Xá é um problema pequeno e sem importância ", declarou o presidente do Parlamento iraniano, aiatolá Hashemi Rafsanjani, o único alto funcionário a comentar a morte.
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